terça-feira, 7 de agosto de 2012

Colocar limites na criança: um gesto de amor

Desde bem cedo, na educação de seus filhos, mesmo os pais mais preparados se deparam com uma questão: a colocação de limites. Muitas vezes angustiados ou inseguros, preocupados em agir da melhor forma possível, os pais vêem-se diante dos dilemas: Como educar quanto ao certo e ao errado? Proibir? Castigar? Bater? Como colocar limites na criança? E porquê?
Em primeiro lugar, os limites são importantes para a formação da personalidade. São eles que vão ajudar a criança a desenvolver a capacidade de suportar frustrações. Sabe-se que bebês sem disciplina tendem a tornar-se adolescentes e adultos que não sabem adiar seus desejos, tendo dificuldades em lidar com seus próprios impulsos e, até mesmo, com a realidade. A falta de limites pode provocar desgastes na relação familiar, excesso de castigo, culpa nos pais, e, por tudo isso, sofrimento. Ademais, a birra da infância pode transformar-se, mais tarde, em agressividade, violência ou depressão.
Contudo, os pais precisam ter coerência ao educar seus filhos, além de manter suas decisões e atitudes. As crianças não entendem o "de vez em quando", então, se o não vira sim de vez em quando o limite torna-se elástico. Por isso, sim deve ser sempre sim, e não sempre não. Outra coisa importante é que se possa estabelecer hora e local para brincar, dormir, comer, etc, organizando o dia a dia da criança. Além disso, todo tipo de promessas feitas devem ser cumpridas, sendo bom que os pais reflitam sempre antes de prometer algo. Prometer castigo não é por um limite real e pode gerar angústia e ansiedade, fazendo com que a criança tenda a tornar-se assustada e medrosa. Quando não se cumprem as promessas de castigo a criança fica com uma idéia de incerteza, reforçando seu medo e insegurança. 
A colocação de limites deve iniciar cedo. Ao nascer, a criança inicia seu processo de individualização que se dará através dos cuidados da mãe com o bebê. Nesta etapa o colo é importante, pois permite que o bebê conheça os limites entre o eu e o não eu. Entre os sete e nove meses as crianças começam a engatinhar, e, assim, partem para explorar o mundo. Nessa idade, elas já são capazes de compreender o sentido do não, mas ainda não entendem totalmente o significado da proibição, que deve ser enfatizado verbalmente.
Ao completar o primeiro ano, a criança já compreende plenamente o significado do não e, até os dois anos de idade, vive um "período de paz" com os limites. Porém, aos dois anos, a criança começa a testar sua autonomia, podendo apresentar crises de birra com os pais. Nessa idade, os pais devem vencer a briga/birra e transmitir segurança ao filho. Até os cinco anos de idade, deve-se ter firmeza ao dizer não. Alguns autores entram em controvérsia quanto à argumentação: alguns pensam que deve-se dispensar o excesso de justificativas, enquanto outros defendem que a criança possa argumentar seu ponto de vista.
Conclui-se, então, que é preciso coragem para educar os filhos com a disciplina necessária. Mesmo que muitas vezes seja mais fácil - e tentador - dizer um "sim" é preciso colocar limites, e assim, ensinar os filhos a fazer renúncias e respeitar o espaço e os direitos dos outros. Essa atitude contribuirá para que as crianças cresçam saudáveis e felizes, aptas a se relacionar com os outros e a viver em sociedade. Colocar limites (geralmente) não é tolir a liberdade, é, isso sim, um ato de amor.